CARLOS A. KLINK¹
RICARDO B. MACHADO ²
INICIATIVAS PARA A CONSERVAÇÃO
As amplas transformações
ocorridas nas paisagens do Cerrado e o status de ameaça de muitas de suas
espécies têm provocado o surgimento de iniciativas de conservação por parte do
governo, de organizações não governamentais (ONGs), pesquisadores e do setor
privado. Uma rede de ONGs (a Rede Cerrado) foi estabelecida para promover
localmente a adoção de práticas para o uso sustentável dos recursos naturais (Fundação
Pro-Natureza, 2000). Em 2003, a Rede Cerrado encaminhou um documento conceitual
ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) com recomendações para a adoção de medidas
urgentes para a conservação do Cerrado. O MMA consequentemente definiu um grupo
de trabalho que, em 2004, propôs um programa de conservação denominado
‘Programa Cerrado Sustentável’, baseado nos resultados e proposições do seminário
que definiu as prioridades para a conservação do Cerrado, em 1998 (Fundação
Pró-Natureza et al., 1999).A proposta visou também a integração de ações para conservação
em regiões onde atividades agropecuárias são especialmente intensas, danosas e
amplamente disseminadas.
Governos estaduais, como o de
Goiás, estão trabalhando para a criação de áreas protegidas e ampliação e
consolidação da rede existente de unidades de conservação, particularmente com
o objetivo de se estabelecer corredores ecológicos. A capacitação e assistência
técnica a fazendeiros têm sido implementadas simultaneamente. Como um
importante passo inicial, Goiás preparou sua própria avaliação do ‘estado do
meio ambiente’. Com base no plano de trabalho do Global Environment Outlook do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a avaliação identificou impactos
sobre a biodiversidade e estabeleceu as ações estaduais, envolvimento da
sociedade civil (por exemplo, a Agenda 21 de Goiás), uma base legal e
recomendações de prioridades (Galinkin, 2003).
A Conservação Internacional
(CI-Brasil), a The Nature Conservancy (TNC) e a WWF-Brasil possuem programas especificamente
voltados para a conservação do Cerrado. A CI-Brasil está trabalhando com os
estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ONGs locais, universidades
e o setor privado para o estabelecimento de corredores de biodiversidade, como
os corredores ‘Emas-Taquari’ e ‘Uruçuí-Mirador’, que objetivam manter a
integridade das áreas protegidas em paisagens alteradas. A CI-Brasil também
participa na criação de unidades de conservação estaduais e federais na região
do complexo do Jalapão (estado do Tocantins), a maior área contínua de
conservação no Cerrado. Desde 1994, a WWF-Brasil trabalha no estabelecimento da
Reserva da Biosfera na região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e tem
projetos-piloto que apoiam comunidades indígenas no desenvolvimento de planos
de manejo (em Mato Grosso e Goiás). A instituição atua, ainda, de maneira
colaborativa no manejo de ecossistemas aquáticos no Distrito Federal (WWF,
1994). A TNC esteve envolvida na recente ampliação (maio de 2004) – em 147.000ha
– do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, localizado no noroeste do estado de
Minas Gerais, que se estende para o estado da Bahia num total de 231.000
hectares (TNC, 2004). Todas as três ONGs iniciaram a promoção de atividades
econômicas alternativas (por exemplo, ecoturismo, uso sustentável de produtos
da fauna e da flora, plantas medicinais) para apoiar a sobrevivência de
comunidades lo-
cais. O Banco Mundial propôs um
amplo zoneamento ecológico-econômico (World Bank, 2003) para estimular o apoio
de agências nacionais e internacionais para a conservação e o desenvolvimento
racional da região.
O programa de pequenos projetos
(PPP) que conta com recursos do Global Environment Facility (GEF) e apoiodo
PNUD-Brasil promove ações de ONGs locais e pequenas comunidades rurais do
Cerrado que buscam o uso sustentável dos recursos naturais.
KLINK. C. A e MACHADO R. B. A conservação do Cerrado Brasileiro. Megadirversidade, vol. 1, n°
1. Julho de 2005. Acessado em 01 de maio
de 2012.
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