O Brasil ocupa o primeiro lugar em espécies totais, dos 1,5 milhões de organismos catalogados, mais de 10% vivem no Brasil.
O Bioma é o segundo maior do país, ocupa uma área de 2.036.448 Km², correspondente a mais de 23% do território e é constituído principalmente por savanas. O Cerrado ocupa a totalidade do Distrito Federal e parte do território dos estados da Bahia , Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rondônia, São Paulo e Tocantins.
terça-feira, 22 de maio de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
A BIODIVERSIDADE DO CERRADO BRASILEIRO: OS (AS) RAIZEIROS (AS) DE GOIÁS/GO.
Viviane Custódia Borges1
Doutoranda em Geografia - Instituto de Estudos Sócio - Ambientais/IESA – Universidade Federal Goiás/UFG.
vivianecborges@hotmail.com
Profa. Dra. Maria Geralda de Almeida
Instituto de Estudos Sócio-Ambientais/IESA – Universidade Federal Goiás/UFG.
mgdealmeida@gmail.com
RESUMO: No Cerrado brasileiro predominam culturas para exportação e exóticas, paradoxalmente é um dos biomas mais rico em biodiversidade. Valorizar práticas de manejo que estão atentas para essa biodiversidade é essencial para amenizar a intensa destruição antrópica que ocorre neste território repleto de cultura. Neste sentido há os (as) raizeiros (as) de Goiás/GO que trabalham com espécies do Cerrado. Essa atividade tem um importante papel social contribuindo para o atendido, em geral uma população de baixa renda. Todavia, não há ajuda financeira de nenhuma instituição governamental, apresentando uma serie de dificuldades para continuar seu trabalho, contado apenas com o Terceiro Setor. Nesse sentido, existe a Pastoral da Saúde e a Articulação Parari (ONG) que mostram indicaçõesde contribuição para o fortalecimento dos(as) raizeiros (as) de Goiás/GO.
Palavras chave: Cerrado Brasileiro, biodiversidade, Goiás/GO.
ABSTRACT: In brazilian cerrado predominate production for exportation and exotic cultures paradoxically this is one richest biome in biodiversity. Enhance management practices, who are connected to biodiversity is essential for decrease the human destruction who happen in this area full of culture. In this way have the important “raizeiros”or “root man” (people who using roots to work) in Goiás/GO who works with species of Cerrado. This activity has an important social function contributing for care, in general low-income population. However, doesn’t have any assistance from government, institution presenting a series of difficulties for still working, counting only with the third sector. In this way, have the “Pastora da Saúde” or “Pastoral of health” and “Articulação Parari” or “Parari Articulation”(ONG) who shows indications of contribution and strengthening of “raizeiros” or “root man” from Goiás/GO Brazil.
Keywords: Brazilian Cerrado, Biodiversity, Goiás/GO.
INTRODUÇÃO
Nas áreas de Cerrado predominam culturas para exportação (produção de commodities) e exóticas não valorizando de forma geral a sua rica biodiversidade. O Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA apud PIRES,1999), aponta que a cana-de-açúcar, é espécie originária da Nova Guiné; o cafeeiro, da Etiópia; o arroz, das Filipinas; a soja e laranja, ambas da China; o cacaueiro, do México e o trigo, da Ásia Menor. A lista continua, onde a silvicultura depende de eucalipto proveniente da Austrália e de pinheiros, da América Central. A pecuária, os bovinos é uma espécie da Índia, eqüinos são da Ásia Central, a piscicultura depende de carpas, da China, e de tilápias, da África Oriental. Até mesmo a apicultura está baseada em espécies de abelhas provenientes da Europa e África Tropical.
Essa descrição evidencia, como muito já destacado em diversas obras, a dependência do Brasil em produzir para atender as necessidades impostas pelo mercado mundial. Em princípio, isso provoca na biodiversidade uma perda de diversidade pela homogeneização dos sistemas agropecuários.
Diferentemente do que foi apontado o Cerrado brasileiro tem em cena também, de forma bastante reduzida e restrita a biodiversidade “Sem dúvida a biodiversidade pode ser elemento importante na consolidação do território e na formulação de estratégias de desenvolvimento articulando uma nova relação entre natureza e sociedade em contextos globais da Ciência, da cultura e da economia” (ALMEIDA, 2003, p.71).
A gestão da biodiversidade constitui-se também na valorização da cultura local, os saberes tradicionais e suas formas regionais de relação com os diferentes ecossistemas. Muitos estudiosos eambientalistas salientam que, principalmente quando as populações tradicionais apresentam algum tipo de comércio local, devem ser fortalecidos, visando o uso racional dessas espécies e ao ecodesenvolvimento. Neste sentido os raizeiros(as) têm um importante papel a desempenhar ao potencializar seus conhecimentos populares sobre plantas medicinais do Cerrado, numa atividade sistemática de produção de medicamentos e remédios. Assim, podem propiciar uma diminuição na pressão sobre este bioma, pela valorização do potencial de sua flora.
O uso de plantas medicinais no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto à existência humana. Ainda hoje este saber simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2000), cerca de 80% da população mundial utilizam plantas medicinais como principal opção terapêutica, devido em muitos casos, ao baixo poder aquisitivo de compra que possuem.
Além deste aspecto, nas últimas décadas, o interesse populacional pelas terapias naturais tem aumentando significativamente nos países industrializados, expandindo o uso de plantas medicinais e fitoterápicos que apresentam de forma geral menos efeitos colaterais (OMS, 2002).
Diante do exposto o objetivo deste trabalho consiste em discutir e refletir alguns aspectos da biodiversidade do Cerrado brasileiro a partir dos saberes dos (as) raizeiros (as) de Goiás/GO. Ao recorrer à história pode se constatar, que o raizeiro em linhas gerais, consistia em sujeitos com conhecimentos sobre caracterização de ambientes naturais, identificação de plantas medicinais, coleta, diagnostico de doenças, preparo e indicação de remédios. Salientando que muitos destes, não comercializavam esse serviço prestado.
Diante das transformações que a sociedade passou há certas características que já não são tão comuns nos (nas) raizeiros (as) em certos locais no Brasil. Assim, há trabalhos que de acordo a postura de cada pesquisador tem atribuído o termo de raizeiro como somente aquele que comercializa as plantas medicinais.
Faz-se necessário esclarecer que nesta pesquisa o sujeito raizeiro/a que iremos abordar é daquele que conhece onde estão às espécies vegetais que necessita coleta, prepara e indica plantas medicinais podendo ser ou não comerciante.
CERRADO BRASILEIRO E A BIODIVERSIDADE
Um dos pontos fundamentais e complexo apontado por certos estudiosos e movimentos sociais nesta virada do milênio consistem a questão da biodiversidade. “O discurso sobre a biodiversidade situa-se nas formas pós-modernas do capital com (re) significações das florestas tropicais, suas populações tradicionais e seus conhecimentos da natureza” (ALMEIDA, 2003, p.76).
Essa palavra é recente, um neologismo derivado do termo diversidade biológico, surgido em 1985 pelo então Walter G. Rosen e definida em sua forma mais objetiva como a variedade da vida existente no planeta Terra. Isso sucedeu durante a preparação de um congresso cujo relatório final foi publicado em 1988, o que permitiu a partir de então uma popularização deste vocábulo entre ecólogos e ambientalistas (BARBAULT apud MEDEIROS, 2006).
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Rio 92 ocorreu paralelamente a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e a partir de então a temática biodiversidade assume também maiores proporções de popularização nas esferas das políticas públicas nacionais e internacionais.
Em seu artigo 2, a CDB define o conceito de biodiversidade que por sua vez é o mais adotado por muitos pesquisadores e órgãos públicos nacionais e internacionais, o qual consiste:
variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.
Como pode constatar esse conceito envolve o biológico, relativo à diversidade genética de indivíduos, de espécies, e de ecossistemas e como destaca Diegues (2000), aponta a biodiversidade simplesmente como produto da natureza desconsiderando também que ela é uma construção cultural e social.
A CBD tem como um dos seus objetivos a manutenção dos conhecimentos e práticas tradicionais em seus preâmbulos e principalmente no Artigo 8 j. Todavia, seu conceito não contempla esse aspecto e como bem aponta Saraiva (2006 p. 27): “reconhece o papel das populações locais, mas, paradoxalmente, apresenta uma concepção de biodiversidade ainda muito focada no mundo natural (a natureza por si) e sustentada pelo domínio exclusivo da ciência”.
Neste contexto de apresentar que a biodiversidade não é um conceito simplesmente biológico, os que se baseiam na ecologia social, merecem menção os trabalhos Posey - 1987 e 1984; GomezPompa - 971; Gomez-Pompa e Kaus - 1992 (DIEGUES, 2000).
Merece menção também o trabalho de Almeida (2003) que discute uma biodiversidade tendo um enfoque mais ampliando onde os aspectos culturais são incorporados. “A biodiversidade, conforme já sinalizamos no início, aqui é entendida compartilhando de igual sentido atribuído a mesma pelos movimentos sociais colombianos, citado por Escobar (1999, p.96) como sendo o “território culturalizado”(p.80).
Diante do exposto essa pesquisa será adotado o termo biodiversidade tendo uma idéia ampla na qual pertence ao domínio do natural, social e do cultural. Ratificando opinião dos autores citados acima.
Segue então reforçando a existência da biodiversidade brasileira pela sua grande extensão territorial e sua posição geográfica ocupando o primeiro lugar entre os países megadiversos. Estima-se 1,87 milhão o total de espécies brasileiras ao passo que lamentavelmente apenas 202,5 mil são conhecidas (MANCIN, 2002).
Dentre os biomas brasileiros, calcula-se que o Cerrado seja responsável em torno de 5% da biodiversidade mundial (PIRES, 1999), havendo uma variedade de ambientes presentes nos quais: Campo Cerrado, Campo Sujo, Campo Campestre, Cerrado strito sensu, Cerradão, Veredas, Mata Ciliar e Galeria contribuindo para a grande diversidade de espécies animais e vegetais, ou seja, há uma heterogeneidade espacial (sentido horizontal). Ao passo que na Amazônia e Mata Atlântica ocorre uma estratificação vertical (existência de várias ‘camadas’ de ambientes), que proporciona oportunidades diversas para o estabelecimento das espécies. È, pois importante manter o mosaico deste bioma como estratégia básica de se existir sua diversidade biológica expressiva (MACHADO, et al, 2004). Até mesmo quando se trata dos usos e costumes das populações tradicionais é essencial que esse mosaico seja preservado uma vez que essa biodiversidade contribui também para diferentes apropriações, permitindo a existência de uma cultura.
O Cerrado apresenta altos índices de endemismos para as plantas, das 10.000 de suas espécies, 4.400 é endêmico o que representa 1,5% de toda flora mundial. Entre as espécies animais esta região abriga 1.268, das quais 117 são endêmicas. Deste número 837 são aves com 29 espécies endêmicas; 161 espécies de mamíferos com 19 endêmicas; 120 de répteis com 24 espécies endêmicas. Os anfíbios são o grupo animal com maior endemismo com 45 das 150 espécies são classificadas como endêmicas.
Destacando que esses números devem ser constantemente revistos uma vez que a pesquisa esta aumentando o conhecimento sobre a diversidade biológica deste bioma (Myers et al apud Pinto & Diniz Filho, 2005).
O grau de endemismo da biota do Cerrado é significativo e por outro lado pouco se conhece sobre a distribuição das espécies dentro deste bioma. Assim, sua destruição é ainda mais grave visto que as limitações das áreas protegidas são pequenas e os números são concentrados em poucas regiões (MMA, 2002). Com toda “esta excepcional riqueza biológica, o Cerrado, ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos hotspots mundiais, isto é, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Planeta” (MMA, 2002, p. 177).
De acordo com Myers et al apud Pinto & Diniz Filho (2005), um área para se designada de hotspot deve conter pelo menos 0,5% ou 1.500 de todas as 300.000 espécies de plantas do mundo como endêmicas além ter perdido 70% ou mais de sua vegetação primária. Essa destruição no Cerrado, já é tão catastrófica que a extinção de algumas espécies figura uma lista sendo uma das 25 áreas do mundo consideradas críticas para a conservação (MMA, 2002).
Estudos mais recentes apontam também que esses hotspots englobam cerca de 70% da diversidade evolutiva, mensurada explicitamente a partir das árvores filogenéticas globais, para mamíferos das ordens Primates e Carnívora (SERCHEST et al apud PINTO & DINIZ FILHO, 2005).
Para Machado et al (2004), se as tendências de ocupação continuar causando uma perda anual de 2,2 milhões de hectares de áreas nativas, o bioma Cerrado deverá ser totalmente destruído até o ano de 2030. Estes autores destacam também que as áreas com mais expressivos blocos de vegetação nativa correspondem: Serra do Espinhaço, no centro-leste do estado de Minas Gerais; Serra da Mesa em Goiás e norte do Distrito Federal; Região da Ilha do Bananal, na planície do rio Araguaia; Oeste do estado da Bahia e Sul dos estados de Piauí e Maranhão. As três primeiras regiões apresentam um relevo com declividade acentuada, com restrições para está agricultura tecnificada e enquanto que as outras duas últimas regiões a única restrição é a falta de infra-estrutura básica.
A biodiversidade do cerrado a partir dos aspectos culturais de seus povos tem papel importante no envolvimento da autogestão de seus recursos naturais. Neste sentido Guimarães (2000, p.13) aponta que “o ilimitado universo cultural se relaciona umbilicamente com a inestimável riqueza biológica”.
Registros de arqueologia apontam que o povoamento das áreas centrais do Continente Sul –Americano começou a 11 mil anos por meio de complexo cultural denominado “Tradição Itaparica”, do tronco lingüístico Jê-Pano-Caribe (BARBOSA & SCHMITZ, 1998).
Esses povos indígenas nos legaram um regime alimentar diversificado, um vasto conhecimento de plantas medicinais e das dinâmicas ecológicas. Praticamente foram dizimados e de acordo com Barbosa & Schmitz (1998), esses povos na área do Cerrado chega a 45 mil habitantes, distribuída em 26 povos diferentes, destacando o Gavião, Timbira, Xavante, Karajá e Krahô.
Os ditames econômicos de Portugal foram responsáveis por essa dizimação bem como foi também responsável pela escravatura do negro. Ocorrem nas áreas de Cerrado como em outras partes do território brasileiro uma miscigenação de cultuas de povos em que. Neste sentido, Santos (2003 p. 135) aborda:
Essas populações do interior do país, cuja cultura é repleta de mistificações de sentidos, de criatividade resultantes de elementos culturais indígenas, africanos e portugueses, reproduziram-se em relações com a natureza bruta e atingiram graus de sabedorias, prudências, assim como instituições que mantiveram níveis de coesão, formulando aquilo que Bastide (1983) denominou “ Cultura heterogênea” e Guimarães Rosa (1967) “cultura rústica nos sertões de Minas Gerais.”
Assim, o povo Cerradeiro possui um legado cultural rico e heterogêneo cuja reprodução era essencialmente ligada à zona rural. As populações tradicionais, os camponeses, trabalhadores da terra, proprietários tradicionais e outros que demonstram ligações entre o Cerrado e sua cultura são geralmente denominados povos do Cerrado ou povo Cerradeiro, expressão usada por Mendonça (2004).
Com o processo de modernização agrícola que ocorreu nas áreas de Cerrado, sobretudo na década de 70 houve um grande êxodo rural. Devido principalmente a este fato, pode se constatar que de forma geral as populações que permaneceram nas áreas remanescentes deste bioma vêm delineando suas configurações e funções de vida entre os significados tradicionais e valores modernos. Chaveiro (2005, p. 53) aponta que “é necessário sintetizar que a modernização apesar de ser avassaladora e hegemônica não erradicou a tradição; e que embora resistindo não se impõe. Mesmo que não se imponha, ora converge, ora conflita, ora se adapta aos novos signos modernizantes”.
Diante deste regime econômico “globalizado” temos uma recodificação da cultura e da natureza como valores de mercado. Neste novo cenário estes aspectos passam a ser valorizados, sendo necessário neste sentido dialogar com outras culturas. Estamos assim em um momento histórico de fusão entre ciência e saberes populares. Todavia, o discurso da biodiversidade ainda não está de todo assimilado pelas populações tradicionais do Cerrado. Estas desconhecem ou ainda minimizam o potencial que elas e este bioma possuem para os projetos econômicos baseados em biotecnologia (ALMEIDA, 2003).
Cerca de 74% das drogas derivadas de plantas medicinais são hoje utilizadas conforme eram utilizadas por comunidades tradicionais, crescendo o interesse da indústria farmacêutica neste setor (MONTEIRO, 2000)
Assim, a biodiversidade se tornou uma mercadoria importante neste mundo globalizado, os produtos naturais e as preparações fitoterápicas são responsáveis por 25% do receituário médico nos países desenvolvidos e cerca de 80% nos países em desenvolvimento. Neste sentido os produtos farmacêuticos movimentam US$320 bilhões/ano dos quais US$20 bilhões são originários de substâncias ativas derivadas de plantas (ROBBERS et al. apud, ALMEIDA, 2003).
ALGUNS ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS.
As plantas medicinais têm sido desde a antiguidade um recurso natural utilizado pelo ser humano. Registros na literatura científica apontam esse contato para a cura de doenças e outros males desde 50.000 anos atrás. Esse homem primitivo a partir de observações e experiências além de descobrir as plantas benéficas também desvendou espécies de flora nocivas, capazes de matar e produzir alucinações. Neste sentido poderes sobrenaturais foram atribuídos aqueles que detinham esses saberes sendo considerados mágicos, curandeiros e feiticeiros (PARKY, 1966, TEIXEIRA, 1994, MIGUEL & MIGUEL 1999 apud DEVIENNE, RADDI & POZITTI, 2004).
Complementando ainda esses autores abordam que muitas civilizações descreveram a utilização de ervas e outros vegetais, como forma de medicamentos dentre essas citam os babilônicos e sumerianos (2.600 a.C), os quais usavam em seus remédios, frutos, folhas, flores, cascas e raízes de lótus, oliveira e alho. Parky apud Devienne, Raddi & Pozitti (2004), mencionam o conhecimento da cultura chinesa (2.000 ~ 2.5 000 a. C) que cita 365 drogas no 1° Pen T ’ são, um trabalho do imperador Shen-Nung reconhecido como o fundador e patrono da farmácia chinesa mencionando plantas como ginseng, cinamomo, ruibarbo, podofilo e efedra.
Os saberes e uso sobre plantas medicinais perpassaram vários séculos e civilizações e a partir do século XVII isso começa a mudar “A ciência, a partir dos séculos XVII e XVIII, se afirmou pela negação de visão mágica do mundo, tão profundamente enraizada no saber popular” (RIBEIRO, 1999 p. 177).
Esse mesmo autor autora citado aborda que:
A medicina ao se especializar como ciência, limitou sua visão da doença ao organismo físico e isolou-se das influências das relações sociais, do meio ambiente, dos astros e de outros tantos fatores presentes seja medicina astrológica da Idade Média, seja nas práticas indígenas e africanas de respeito à natureza. (RIBEIRO, 1999 p. 198).
No caso do Brasil que era até a metade do século XX um país eminentemente rural havia ainda um amplo uso da flora medicinal de espécies nativas como também exóticas. Em específico ao Cerrado brasileiro Ribeiro (1999), discute que a medicina sertaneja era uma autêntica “garrafada”, composta pelos conhecimentos portugueses, indígenas e africanos. Este povo não dispensava os saberes sobre plantas medicinais que por estarem no interior do país era muita das vezes o único recurso para lidar com as enfermidades.
O acesso aos profissionais de saúde e aos medicamentos de botica estava restrito a uma minoria: grande parte da população recorria aos remédios caseiros, cujas receitas eram passadas entre gerações e os ingredientes eram obtidos no quintal ou nas matas próximas. Se mesmo em Portugal médicos e boticas estavam concentrados nas cidades, o que não dizer de sua presença no nosso país no período colonial? (RIBEIRO, 1999, p.187).
Com industrialização brasileira a partir de 1950 e conseqüente urbanização o conhecimento tradicional começou a ser posto em segundo plano. Agora o acesso a medicamentos sintéticos é mais fácil e o pouco cuidado com a comprovação farmacológica das plantas medicinais tornou esses saberes como sinônimo de atraso tecnológico e charlatanismo (LORENZI & MATTOS, 2002).
Nos últimos anos tem havido uma valorização do uso das plantas medicinal e fitoterápico bem como de outras terapias consideradas “alternativas” (homeopatia, crenotrapia e acupuntura). Desde a década de 70 a Organização Mundial da Saúde – OMS (1980) vem recomendando que os países desenvolvam ações no sentido de incluir as plantas medicinais na Atenção Primária em Saúde - APS, “a fito terapia na atenção primária em saúde chega a apresentar uma economia em torno de 300% na produção de medicamentos fitoterápicos cientificamente comprovados (ELDIN & DUNFORD apud PICCININI, 2008).
No Brasil, essa discussão tomou vulto na década seguinte e aos poucos apesar de demorado e lento, esse reconhecimento do potencial medicinal das plantas vem recebendo maior atenção do governo brasileiro ao passo que o Ministério da Saúde autorizou a utilização de 34 plantas com eficácia terapêutica (RDC n ° 89/2004).
Conquista também importante é o DECRETO 5.813, de 22 de junho de 2006 que determina a criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Em linhas gerais seu objetivo consiste em garantir acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo uso sustentável da biodiversidade, e de desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional. È sabido que economicamente e ambientalmente é viável para nosso país investir no uso de plantas medicinais e fitoterápicas, uma vez que:
poderá contribuir com a redução da dependência do Brasil em relação à importação de insumos farmacêuticos e iniciar novo ciclo de desenvolvimento tecnológico para o desenvolvimento de edicamentos nacionais, com matéria-prima oriunda da biodiversidade brasileira (RODRIGUES; SANTOS & AMARAL, 2006, p.26).
Para Amorozo (1996) & Elisabetsky (1999) a importância de se estudar o conhecimento e uso tradicional das plantas medicinais pode tem três implicações distintas: resgatar o patrimônio cultural tradicional, assegurando a sobrevivência e perpetuação do mesmo; otimizar os usos populares correntes, desenvolvendo preparados terapêuticos (remédios caseiros) de baixo custo e organizar os conhecimentos tradicionais de maneira a utilizá-los em processos de desenvolvimento tecnológico.
Compartilhando com essas implicações, envoltas para o conhecimento e uso das plantas medicinais podem gerar, e de certa forma já está gerando em alguns locais, será apresentado a seguir arealidade dos (das) raizeiros (as) que estão atuando em Goiás/GO.
REFLEXÕES SOBRE (AS) RAIZEIROS (AS) DE GOIÁS/GO
Os (as) raizeiros(as), sujeitos deste presente trabalho vivem no município de Goiás /GO. Essa escolha consiste a princípio por estes sujeitos sociais estarem em habitat de Cerrado. Bioma como já destacado com grande destruição antrópica. Sendo assim, é oportuno pesquisar formas de manejo, que contribua para diminuir a pressão sobre este ecossistema, pela valorização do potencial de sua flora.
Além do mais esse espaço geográfico é Patrimônio Histórico Cultural da Humanidade e tem uma legislação que assegura a preservação dos bens materiais e imateriais que possuem. Portanto, os seus saberes culturais devem ser resguardados. Destacando também, como já mencionado anteriormente, que a própria legislação brasileira, tem leis específicas sobre as questões ligadas às varias nuanceis das plantas medicinais e fitoterápicos.
È oportuno mencionar que de acordo com os parâmetros que o governo federal adotou os (as)raizeiros (as) não são considerados populações tradicionais, não tendo certos direitos que os fortaleceriam. O gargalo consiste que segundo essa esfera de poder, que se pauta a partir de um conceito de território restrito, os raizeiros (as) não constituem um território especifico, ponto essencial para caracterização de uma população tradicional.
Goiás está distante aproximadamente 135 km da capital do Estado, Goiânia e 297 km de Brasília. De acordo com censo de 2000 possuía 27.120 habitantes; todavia, no último censo de 2007 este numero reduziu para 24. 472. Esse quadro é reflexo da pouca oferta de trabalho que ali se apresenta, sendo a pecuária, setor público municipal e nos últimos tempos o turismo que mais geram empregos. Grande parte da população tem uma renda em torno de três salários mínimos.
Para a coordenadora diocesana da Pastoral da Saúde de Goiás/GO e raizeira, (há 14 anos, desde a origem da Pastoral da Saúde neste local vem trabalhando nessa causa social) essa baixa renda entre um número expressivo de habitantes de Goiás contribui para grande procura de remédios a partir de plantas medicinais os quais são vendidos em uma farmácia comunitária deste grupo no Centro Histórico desta cidade.
Essa farmácia ou como disse a coordenadora “Farmacinha”, apesar deste importante aspecto social não conta com a ajuda financeira de nenhuma instituição governamental apresentando uma serie de dificuldades para continuar seu trabalho. Sem o apoio devido caso ocorra uma fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, neste local, ocorreria seu fechamento.
Essa situação está presente em outras comunidades uma vez que:
Os grupos comunitários expressam muita preocupação por prestar um serviço informal de saúde à comunidade sem o seu reconhecimento por políticas públicas. O principal receio é o de que a vigilância sanitária feche a farmacinha, aplique multas ou mesmo mova um processo judicial contra as pessoas responsáveis pelo trabalho (EVANGELISTA & LAUREANO, 2007
p.9).
Parte deste problema como já foi discutindo em literaturas da medicina popular consiste na ausência de políticas públicas de auto-regulação da medicina popular. A ANVISA, ainda não incorporou uma iscalização que também reconheça as práticas dos saberes populares.
Essa coordenadora relatou também que parte do consumo por plantas medicinais em Goiás/GO é atribuída, ao trabalho desta pastoral, na qual fez e faz uma conscientização sobre os benefícios do uso deste tipo de tratamento para certas enfermidades e a valorização deste saber que perpassou várias gerações e teve ser mantido. Ela salientou ainda que diferente de anos atrás esse trabalho não se restringe somente a essas questões mais permeia uma concepção ampla dos determinantes de saúde, que envolve desde o cuidado com o corpo até a visão de saúde associada, à moradia, às políticas agrícolas e políticas sociais, ao meio ambiente, à qualidade de vida, participação e cidadania. Essa colocação mostra que seu trabalho esta em sintonia com o que tem sido discutindo em saúde popular que aborda que a concepção de saúde-doença tem sido a mais ampla possível e ganha novos enfoques enfatizando a qualidade de vida para prevenção de várias enfermidades.
No espaço da Farmacinha em geral comercializa: garrafada; tintura; xarope; pomada; creme; sabonete; pílula; bala medicinal ou pastilha; doce ou geléia medicinal; óleo medicado; pó; chá (planta seca); e multimistura. São produzidos em média 38 tipos diferentes de remédios com o uso de, aproximadamente, 70 espécies de plantas medicinais nativas do Cerrado.
São estes produtos vendidos a baixo preço que movimentam o capital financeiro que mantém parte do trabalho desta pastoral que atendem em varias comunidades seja nas áreas urbana ou rural. Por ser um trabalho de caráter voluntario quase não há gastos com mão de obra, porém, há os custos fixos como insumos, luz, água e etc. Além do mais, quando necessário tem-se de comprar combustível para reuniões no espaço rural.
No contexto desta pastoral a transmissão de conhecimento sobre identificação e uso de plantas medicinais de espécies principalmente do Cerrado acontece de forma individual, na medida em as integrantes mais antigas são consultadas, e coletiva, a partir de cursos de formação, de visitas a outros grupos e de participação de encontros.
Segundo essa coordenadora parte das espécies de Cerrado para essa produção são provenientes de uma propriedade rural familiar que tem cerca de 2 alqueires de reserva deste bioma localizada no município de Goiás/GO, distante aproximadamente 50 km da cidade. Nessa área há uma diversidade de espécies, mas, para certas espécies, há pouca quantidade. Assim quando há muita procura para determinados remédios e não encontram neste local as pessoas ligadas as Farmacinhas vão a áreas próximas de Cerrado e retiram o que necessitam.
Além desta Farmacinha essa propriedade atende a demanda de mais cinco farmácias comunitárias da região. Essa área de plano manejo de plantas medicinais de espécies de Cerrado é um projeto da Pacari (ONG), “... a Pacari decidiu desenvolver uma experiência-piloto voltada para a implementação de um plano de manejo sustentável de plantas medicinais. Essa experiência está sendo realizada em uma reserva de Cerrado de uma propriedade rural familiar localizada no município de Goiás/GO” (EVANGELISTA & LAUREANO, 2007 p.10).
Articulação Pacari atua nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Maranhão e também tem somado no que diz respeito às questões ligadas ás plantas medicinais e fitoterápicos com espécies do Cerrado. De acordo com Evangelista & Laureano (2007), a idéia desta articulação veio a partir da Rede Cerrado e da Rede de Plantas Medicinais da América do Sul. Para essas mulheres, foi em 1999, a partir da Rede Intercâmbio de Tecnologias Alternativas que bases da Pacari foram adquiridas. Os pontos importantes em suas atividades iniciais foram em 2000, por meio do projeto Intercâmbio e Articulação de Experiências de Plantas Medicinais do Cerrado, (apoiado pelo Programa de Pequenos Projetos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente/ Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -PPP/GEF/PNUD); e em 2002, em função do projeto Rede de Plantas Medicinais do Cone Sul, (apoiado pelo Centro Internacional de Investigação para o Desenvolvimento -IDRC).
Nos estados onde a Pacari está atuando articulam 80 organizações com enfoque para pesquisas, intercâmbios, capacitações, publicações, encontros e participação em espaços políticos.
Neste sentido, dentre suas atividades há a Farmacopéia Popular do Cerrado e ações no sentido da autoregulação da medicina popular, com o objetivo de alcançar o reconhecimento social da prática popular
do uso de plantas medicinais (EVANGELISTA & LAUREANO, 2007).
A Farmacopéia foi elaborada por Comissões Regionais formadas por raizeiros, representantes das farmacinhas e técnicos. A metodologia utilizada foi o diálogo de saberes, que coloca o conhecimento tradicional como a base da pesquisa e proporciona a sua complementação com informações técnicas. Os raizeiros e representantes dos grupos comunitários se tornaram pesquisadores populares, estudando as plantas em campo e fazendo o registro participativo dos conhecimentos levantados (EVANGELISTA & LAUREANO, 2007 p.9).
Pode se constatar que as atividades que foram realizadas junto aos (as) raizairos (as) em Goiás/GO segundo alguns relatos, como cursos de capacitação, de liderança encontros locais tiveram a coordenação e execução da Pastoral da Saúde e Articulação Pacari. Há assim indicações que são esses grupos sociais que ajudam a fortalecerem seus trabalhos.
Diante do exposto, fica evidente que apesar de iniciativas sustentáveis para explorar o Cerrado brasileiro, nem todas são apoiadas pelo governo. No caso de Goiás /GO resta aos (as) raizeiros (as) contarem com ajuda de grupos sociais: Pastoral da Saúde e Articulação Pacari. Investigar detalhadamente essas organizações sociais (Terceiro Setor) se faz necessário para saber se tem havido relações sociais justas com aos (as) raizeiros (as) de Goiás/GO e a valorização deste saber. Até mesmo essa área de manejo, onde retiram as espécies de Cerrado, merece estudos e aprofundamentos para assim conhecer as relações ambientais que estão sendo estabelecidas com este bioma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Indiscutivelmente a sociedade brasileira vive o discurso da sustentabilidade ambiental. No caso do bioma Cerrado há uma necessidade urgente de reverter seu alto grau de destruição antrópica que compromete sua biodiversidade. Essa por sua vez, não é conhecida com precisão tal a sua complexidade, negando esse patrimônio material e imaterial.
No caso das plantas medicinais do Cerrado é essencial valorizar o trabalho dos (das) raizeiros (as) haja vista o que o nosso país, com sua grande extensão territorial e litoral, possui uma das maiores biodiversidade do planeta.
Essa diversidade da flora associada à tradição do uso de plantas medicinais são aspectos importantes que devem ser ressaltados e estimulados. Até mesmo em termos econômicos é mais viável investir em medicamentos tendo esse insumo. Neste sentido, já deveria ter tido mais pesquisas e implementação de políticas públicas nesta área, fortalecendo e valorizando o trabalho dos (as) raizeiros (as).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBAGLI, Sarita. Geopolítica da biodiversidade. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998. 276p.
ALMEIDA, Maria Geralda, Cultura ecológica e biodiversidade. Mercator - Revista de Geografia da UFC, Fortaleza, ano 2, n. 3, jun./jul. 2003. p.71-82.
AMOROZO, M.C.M. A abordagem etnobotânica na pesquisa de plantas medicinais. In: DI STASI, L.C. Plantas medicinais: arte e ciência. São Paulo: UNESP. 1996. P. 47-68.
BARBOSA, Altair Sales & SCHMITZ, Pedro Ignácio. Ocupação indígena no Cerrado: esboço de uma história. In: SANO, S.; ALMEIDA, S. Cerrado: ambiente e flora. Brasília: EMBRAPA –CPAC, 1998.p. 3-45.
BARBOSA, Altair Sales. Andarilhos da Claridade: os primeiros habitantes do Cerrado. Goiânia: Universidade Católica de Goiás/ Instituto do Trópico Subúmido, 2002. 416 p.
BRASIL. RDC n° 89, de 16 de março de 2004. Determina a publicação da lista de registro simplificada de fitoterápicos. Disponível em: http://e-legis.bvs.br/leisref/public/ search.php. Acesso em: 24 abr., 2009.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. Política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 60pCHAVEIRO, Eguimar F. Símbolos das Paisagens do Cerrado Goiano. In: ALMEIDA, M. G. de (Org). Tantos Cerrados: Múltiplas abordagens sobre a biogeodiversidade e singularidade cultural.
Goiânia: Vieira, 2005, p.47-62.
ELIZABETSKY, E. Etnofarmacologia como ferramenta na busca de substâncias ativas. In: SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 3 ed. Porto Alegre/Florianópolis: Ed. Universidade UFRGS/ Ed. UFSC. 1999. p. 87-99
DEVIENNE, K, F; RADDI, M. S. G. & POZETT, G. L. Das plantas medicinais aos fitofármos. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Botucatu, v.6, n. 3, p.11-14, agost. 2004.
DIEGUES, A. C. (Org.). Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil. Brasília : Ministério do Meio Ambiente, 2000.
FERRAZ, F. P. C. A velocidade da inovação e o tempo da floresta – Uma experiência. In: BENSUSAN, N.; et al (Org). Biodiversidade: é pra comer, vestir ou para passar no cabelo? Para mudar o mundo! São Paulo: Peirópolis, 2006, p.157-174.
FUNDANÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico. Rio De Janeiro, 2000.
_______, Censo Demográfico. Disponível em: < http://.ibge.gov.br> 2007. Acesso em: 10 de abril. 2009.
GUIMARÃES, Pedro Wilson. Cerrado e desenvolvimento: tradição e atualidade. In: LUZ, Cláudia &
DARYRELL, Carlos (Org.). Cerrado e Desenvolvimento: tradição e atualidade. Montes Claros: CAA-NM/ Rede Cerrado, 2000. p. 13-18.
GONÇALVES, Carlos Walter Porto. As Minas e os Gerais: Breve ensaio sobre desenvolvimento e sustentabilidade a partir da Geografia do Norte de Minas In: LUZ, Cláudia & DARYRELL, Carlos (Org.). Cerrado e Desenvolvimento: tradição e atualidade. Montes Claros: CAA-NM/ Rede Cerrado, 2000. p. 19-45.
HENRIQUES, R. P. B. O futuro ameaçado do Cerrado brasileiro. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, V. 33, n. 195, p.35-39, jul. 2003.
IORIS, E (Org). Plantas Medicinais do Cerrado: perscpectivas comunitárias para a saúde, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Mineiros/GO: Fundação Integrada Municipal de Ensino Superior: Projeto Centro Comunitário de Plantas Medicinais, 1999. 260p.
MACHADO, R. B. et al. Estimativas de perda de área do Cerrado brasileiro. Relatório Técnico não publicado. Conservação Internacional, Brasília, 2004.
MACHADO, L. H. B. Raizeiros de Goiânia: As representações entremeadas nos usos e nas redes de distribuição e comercialização das plantas medicinais em Goiânia – GO. Dissertação de Mestrado.
Goiânia: UFG/IESA, 20008.
MANCIN, R. C. Pior sem ela: lei protege o patrimônio genético. Galileu, Vinhedo, n. 137, p.26-27. dez .2002.
MEDEIROS, R. Desafios à gestão sustentável da biodiversidade no Brasil. Revista Floresta e Ambiente, Rio de Janeiro, v.13, n 2, 2006. p. 01-10 .MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL. Biodiversidade Brasileira: avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros. Brasília: MMA/SBF, 2002. 404p. (Biodiversidade, 5).
MONTEIRO, Warton. O Brasil, as políticas nacionais e a conservação da diversidade biológica. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 2, 2000, Campo Grande. Anais... Campo Grande: Fundação Boticário de Proteção à Natureza, 2000,p97-103, V. 1.
OLIVEIRA, E. & DUARTE, L.M.G. Gestão da biodiversidade e produção agrícola: O Cerrado goiano.
Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v.21, n.1, p105-142, jan./abr. 2004.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD - OMS. Salud para todos en el año 2000: Estratégias. Documento oficial n° 174. Washington: Oficina Sanitária Panamericana, 1980. 75 p.
______.Situación regulamentaria de los medicamentos: Uma reseña mundial. Traducción del inglês: Organización Pananericana de la Salud. Washington: OPAS, 2000.62 p.
______.Estratégias de la OMS sobre medicina tradicional 2002-2005. Genebra, 2002.67p.
PIRES, M. O. Cerrado: Sociedade e biodiversidade. In: IORIS, E (Org). Plantas Medicinais do Cerrado: perscpectivas comunitárias para a saúde, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Mineiros/GO: Fundação Integrada Municipal de Ensino Superior: Projeto Centro Comunitário de Plantas Medicinais, 1999. p. 155-173.
PÁDUA, M. T.J. Unidades de Conservação muito mais do que atos de criação e planos de manejo. In:___Unidades de Conservação: atualidades e tendências. Org. Miguel Serediuk Milano. Curitiba: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2002. p.3-13.
PINTON, Florence & AUBERTINI, Catherine. Novas fronteiras e populações Tradicionais: A construção de espaços de direitos. Revista Eletrônica Ateliê Geográfico. Goiânia, v.1. n. 2 dez 2007 p.1-26. Disponível em<http: //www.iesa.ufg.br/ revista ateliê/html>. Acesso em: dez. 2008.
PINTO, M. P.& DINIZ FILHO, J. A. F. Biodiversidade no Cerrado. In: ALMEIDA, M. G. de (Org). Tantos Cerrados: Múltiplas abordagens sobre a biogeodiversidade e singularidade cultural. Goiânia: Vieira, 2005, p. 115-128.
RIBEIRO, R. F. A medicina do sertão: uma “garrafada” de ervas e tradições. In: IORIS, E. ( Org.). Plantas medicinais do Cerrado: perspectivas comunitárias para a saúde, o meio ambiente e o meio sustentável. Mineiros/GO: Fundação Integrada Municipal de Ensino Superior: Projeto Centro Comunitário de Plantas Medicinais, 1999. p. 174- 207.
RODRIGUES, A. G. ; SANTOS, M. G & AMARAL, A.C. F. Políticas Públicas em plantas medicinais e fitoterápicos. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. A fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. p. 9-29 (Série B. Textos Básicos de Saúde).SANTOS, Rosselvet J. A dimensão cultural das paisagens rurais do Cerrado Mineiro. In: ALMEIDA, M. G. De. & RATTS, A. J.P. (Orgs.). Geografia: Leituras Culturais. Goiânia: Alternativas, 2003, p.133 -158.
SARAIVA. R. C. F. Tradição e sustentabilidade: Um estudo dos saberes tradicionais do Cerrado na Chapada dos Veadeiros, Vila São Jorge – GO. Tese de Doutorado. Brasília: UNB – CDS, 2006.
MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. A urdidura espacial do Capital e do trabalho no Cerrado do Sudeste Goiano. Tese de doutorado. Presidente Prudente/SP: UNESP, 2004.
Fonte: http://www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/comunicacao_coordenada/012.pdf
Fonte: http://www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/comunicacao_coordenada/012.pdf
terça-feira, 1 de maio de 2012
A CONSERVAÇÃO DO CERRADO BRASILEIRO
CARLOS A. KLINK¹
RICARDO B. MACHADO ²
INICIATIVAS PARA A CONSERVAÇÃO
As amplas transformações
ocorridas nas paisagens do Cerrado e o status de ameaça de muitas de suas
espécies têm provocado o surgimento de iniciativas de conservação por parte do
governo, de organizações não governamentais (ONGs), pesquisadores e do setor
privado. Uma rede de ONGs (a Rede Cerrado) foi estabelecida para promover
localmente a adoção de práticas para o uso sustentável dos recursos naturais (Fundação
Pro-Natureza, 2000). Em 2003, a Rede Cerrado encaminhou um documento conceitual
ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) com recomendações para a adoção de medidas
urgentes para a conservação do Cerrado. O MMA consequentemente definiu um grupo
de trabalho que, em 2004, propôs um programa de conservação denominado
‘Programa Cerrado Sustentável’, baseado nos resultados e proposições do seminário
que definiu as prioridades para a conservação do Cerrado, em 1998 (Fundação
Pró-Natureza et al., 1999).A proposta visou também a integração de ações para conservação
em regiões onde atividades agropecuárias são especialmente intensas, danosas e
amplamente disseminadas.
Governos estaduais, como o de
Goiás, estão trabalhando para a criação de áreas protegidas e ampliação e
consolidação da rede existente de unidades de conservação, particularmente com
o objetivo de se estabelecer corredores ecológicos. A capacitação e assistência
técnica a fazendeiros têm sido implementadas simultaneamente. Como um
importante passo inicial, Goiás preparou sua própria avaliação do ‘estado do
meio ambiente’. Com base no plano de trabalho do Global Environment Outlook do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a avaliação identificou impactos
sobre a biodiversidade e estabeleceu as ações estaduais, envolvimento da
sociedade civil (por exemplo, a Agenda 21 de Goiás), uma base legal e
recomendações de prioridades (Galinkin, 2003).
A Conservação Internacional
(CI-Brasil), a The Nature Conservancy (TNC) e a WWF-Brasil possuem programas especificamente
voltados para a conservação do Cerrado. A CI-Brasil está trabalhando com os
estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ONGs locais, universidades
e o setor privado para o estabelecimento de corredores de biodiversidade, como
os corredores ‘Emas-Taquari’ e ‘Uruçuí-Mirador’, que objetivam manter a
integridade das áreas protegidas em paisagens alteradas. A CI-Brasil também
participa na criação de unidades de conservação estaduais e federais na região
do complexo do Jalapão (estado do Tocantins), a maior área contínua de
conservação no Cerrado. Desde 1994, a WWF-Brasil trabalha no estabelecimento da
Reserva da Biosfera na região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e tem
projetos-piloto que apoiam comunidades indígenas no desenvolvimento de planos
de manejo (em Mato Grosso e Goiás). A instituição atua, ainda, de maneira
colaborativa no manejo de ecossistemas aquáticos no Distrito Federal (WWF,
1994). A TNC esteve envolvida na recente ampliação (maio de 2004) – em 147.000ha
– do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, localizado no noroeste do estado de
Minas Gerais, que se estende para o estado da Bahia num total de 231.000
hectares (TNC, 2004). Todas as três ONGs iniciaram a promoção de atividades
econômicas alternativas (por exemplo, ecoturismo, uso sustentável de produtos
da fauna e da flora, plantas medicinais) para apoiar a sobrevivência de
comunidades lo-
cais. O Banco Mundial propôs um
amplo zoneamento ecológico-econômico (World Bank, 2003) para estimular o apoio
de agências nacionais e internacionais para a conservação e o desenvolvimento
racional da região.
O programa de pequenos projetos
(PPP) que conta com recursos do Global Environment Facility (GEF) e apoiodo
PNUD-Brasil promove ações de ONGs locais e pequenas comunidades rurais do
Cerrado que buscam o uso sustentável dos recursos naturais.
KLINK. C. A e MACHADO R. B. A conservação do Cerrado Brasileiro. Megadirversidade, vol. 1, n°
1. Julho de 2005. Acessado em 01 de maio
de 2012.
Assinar:
Postagens (Atom)