terça-feira, 1 de maio de 2012

A CONSERVAÇÃO DO CERRADO BRASILEIRO


CARLOS A. KLINK¹
RICARDO B. MACHADO ²

INICIATIVAS PARA A CONSERVAÇÃO

As amplas transformações ocorridas nas paisagens do Cerrado e o status de ameaça de muitas de suas espécies têm provocado o surgimento de iniciativas de conservação por parte do governo, de organizações não governamentais (ONGs), pesquisadores e do setor privado. Uma rede de ONGs (a Rede Cerrado) foi estabelecida para promover localmente a adoção de práticas para o uso sustentável dos recursos naturais (Fundação Pro-Natureza, 2000). Em 2003, a Rede Cerrado encaminhou um documento conceitual ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) com recomendações para a adoção de medidas urgentes para a conservação do Cerrado. O MMA consequentemente definiu um grupo de trabalho que, em 2004, propôs um programa de conservação denominado ‘Programa Cerrado Sustentável’, baseado nos resultados e proposições do seminário que definiu as prioridades para a conservação do Cerrado, em 1998 (Fundação Pró-Natureza et al., 1999).A proposta visou também a integração de ações para conservação em regiões onde atividades agropecuárias são especialmente intensas, danosas e amplamente disseminadas.
Governos estaduais, como o de Goiás, estão trabalhando para a criação de áreas protegidas e ampliação e consolidação da rede existente de unidades de conservação, particularmente com o objetivo de se estabelecer corredores ecológicos. A capacitação e assistência técnica a fazendeiros têm sido implementadas simultaneamente. Como um importante passo inicial, Goiás preparou sua própria avaliação do ‘estado do meio ambiente’. Com base no plano de trabalho do Global Environment Outlook do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a avaliação identificou impactos sobre a biodiversidade e estabeleceu as ações estaduais, envolvimento da sociedade civil (por exemplo, a Agenda 21 de Goiás), uma base legal e recomendações de prioridades (Galinkin, 2003).
A Conservação Internacional (CI-Brasil), a The Nature Conservancy (TNC) e a WWF-Brasil possuem programas especificamente voltados para a conservação do Cerrado. A CI-Brasil está trabalhando com os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ONGs locais, universidades e o setor privado para o estabelecimento de corredores de biodiversidade, como os corredores ‘Emas-Taquari’ e ‘Uruçuí-Mirador’, que objetivam manter a integridade das áreas protegidas em paisagens alteradas. A CI-Brasil também participa na criação de unidades de conservação estaduais e federais na região do complexo do Jalapão (estado do Tocantins), a maior área contínua de conservação no Cerrado. Desde 1994, a WWF-Brasil trabalha no estabelecimento da Reserva da Biosfera na região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e tem projetos-piloto que apoiam comunidades indígenas no desenvolvimento de planos de manejo (em Mato Grosso e Goiás). A instituição atua, ainda, de maneira colaborativa no manejo de ecossistemas aquáticos no Distrito Federal (WWF, 1994). A TNC esteve envolvida na recente ampliação (maio de 2004) – em 147.000ha – do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, localizado no noroeste do estado de Minas Gerais, que se estende para o estado da Bahia num total de 231.000 hectares (TNC, 2004). Todas as três ONGs iniciaram a promoção de atividades econômicas alternativas (por exemplo, ecoturismo, uso sustentável de produtos da fauna e da flora, plantas medicinais) para apoiar a sobrevivência de comunidades lo-
cais. O Banco Mundial propôs um amplo zoneamento ecológico-econômico (World Bank, 2003) para estimular o apoio de agências nacionais e internacionais para a conservação e o desenvolvimento racional da região.
O programa de pequenos projetos (PPP) que conta com recursos do Global Environment Facility (GEF) e apoiodo PNUD-Brasil promove ações de ONGs locais e pequenas comunidades rurais do Cerrado que buscam o uso sustentável dos recursos naturais.


KLINK. C. A e MACHADO R. B. A conservação do Cerrado Brasileiro. Megadirversidade, vol. 1, n° 1.  Julho de 2005. Acessado em 01 de maio de 2012.

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